texto crente, vamolá, mais lições da oceania

por km

tem sido uma semana um pouco louca, todas as semanas têm sido um pouco loucas desde os meus, não sei, 13 anos? DOISMILECATARSE, haja catarse, é catarse aqui, ali, toda hora uma catarse, foram tantas q ficaram um pouco corriqueiras e malinterpretadas, ficaram pela metade. mas 2014 não tá deixando nada pela metade, q acabe aqui, q vc entenda aqui o q aconteceu e vai limpo, purificado, pós-catarse pra 2015. pq né, o destino de 7 bilhões de pessoas deve estar diretamente atrelado a uma virada de ano. não acho, mas pensa na energia q essa parada movimenta, as pessoas sacrificam e assam animais, explodem fogos de artifícios, olham maravilhadas, catarticamente maravilhadas, pras explosões no céu, pensam num pacote de coisas incríveis q aquele ano vem trazendo consigo: o nascimento do Felipe, o casamento do Julinho, a volta pra casa, a mudança da Nona pra um bairro novo, os negócios do Altair q finalmente vão dar certo, a aposentadoria do tio Lelo vai sair, a viagem pra Disney da Clara, a minha própria viagem pra Cancun, a paz na Faixa de Gaza, um emprego novo q pague melhor, menos trânsito, um novo começo de Era de gente fina, elegante e sincera, uma banda larga q caia menos, q a Maria volte da Alemanha, tudo isso e mais, mais. viva o ano novo e viva a festa na casa da Carol, onde 35 pessoas se movimentam pra se abraçar e comer e beber e terminar a noite desfilando ébrios e rindo dos passos de dança um do outro. não existe tristeza no ano novo. mesmo q vc se sinta um pouco melancólico por algo, com certeza não é pelo ano q vai começar. vc não pensa “pqp lá vem outra merda de ano, outro 2011, outro 2013, vou me afogar em dívidas, tomar um chifre e meu chefe vai me foder e vão roubar meu carro na semana q eu tiver esquecido de pagar o seguro”, não, ninguém pensa isso no ano novo. o ano novo é a pura explosão das good vibes e dos bons desejos e isso é importante pra alimentar a energia do mundo, pra dar um empurrão no q vem e no q tem q virar.

a verdade é q minha saga mundo afora está chegando ao fim. foram 3 anos de um incansável cansado rolê. não escalei montanhas, mas tive q cortar muito mato atravessando floresta. não nadei em muitos mares, mas me afoguei de chorar algumas vezes. teve dia q doeu mais, teve dia q doeu menos, teve dia q foi feliz. me apaixonei, desapaixonei, dei pra bem menos gente q pretendia, tb morei em menos lugares do q imaginava.

colecionei sonhos. parei minha busca não porque encontrei o q estava procurando, mas pq entendi q, o q está me procurando, ainda vai me encontrar. conheci gente muito legal, conheci gente escrota. teve dia q a saudade era tanta q eu poderia voltar pra casa nadando. teve dia q eu podia ter ficado ali pela Europa pra sempre.

teve vez q questionei a validade de tudo q estava passando, teve noite q dormi num contentamento saboroso por estar conquistando tudo isso.

ganhei menos cicatrizes do q imaginava, e não fiquei tão veloz picando legumes como queria. tem gente q vai comigo pro fim da existência, tem gente q ficou onde eu conheci.

tem dia q quero cozinhar a vida toda, tem dia q quero virar uma burocrata. tem comida q me acho o Ramsay, tem comida q me acho uma retardada. tem dia q eu quero q tudo se foda, tem dia q eu quero tudo perfeito.

viajei menos q eu queria. tive q mudar pra Austrália pra ver quão pobre eu era em Londres. pq, qdo eu morava lá, não me achava tão pobre assim. não tinha muitas ambições. voei pra países vizinhos pra encontrar amigos, era isso q me tirava da Inglaterra. não que eu amasse a Inglaterra, né? mas eu era pobre e minha vibe nunca foi a de fazer dinheiro. minhas piras estavam relacionadas com o meu aprendizado e com a minha evolução na cozinha. não me arrependo de nada. não acho q poderia ter aprendido mais do q aprendi, não acho q deveria ter trabalhado num restaurante Michelin.

foram 3 anos fazendo perguntas sem resposta. em algum momento eu notei q eram as perguntas q estavam sendo feitas de maneira errada.

já falei do meu relacionamento com deus, certo? converso com Ele na brodagem. outro dia, conversando com o Tom, tomei uma bronca. “Deus não é seu bróder. ele é grande demais. tem que temer e respeitar Deus. tipo temer. se ele quiser, te esmaga que nem uma pulga. então much respect”. mas deus é a física. é soma de todas as energias geradas no universo. todas as inteligências somadas tem como resultado = DEUS. então não é q deus é meu bróder, eu sou parte de deus e deus é parte de mim. deus existe pq eu existo e eu existo pq deus existe. é bem tostines essa.

então a saga de exílio foi indo. com seus altos e baixos. qdo cheguei em Sydney, vinha de dias esquisitíssimos no Brasil. venho de uma crise existencial q durou quase 4 anos. aqui atingiu seu pico. eu queria descobrir o sentido da vida. não só da minha, mas de todas as vidas. da pedra, do ar, do cachorro, da via láctea, do universo, de deus. pra piorar minha situação, mudei pra uma casa onde moram dois velhinhos. do lado do meu quarto tem uma estante de souvenires. do Alaska a Palma de Mallorca, passando por Paris e Japão, tem uma montanha de pratinhos, pelúcias, fotos, postais, bonequinhas, adesivos, miniaturas, camisetas, tudo amontoado, criando poeira e mofo na mudez dos dias. a velha é uma filha da puta encrenqueira, o velho está surdo e passa os dias lendo e cochilando no sofá. eles correram o mundo e eu nunca vi um neto visitar e perguntar o q eles viram. a crise existencial entrou numa agudeza q tinha dia q eu não conseguia respirar. sufocava de tristeza. a gente vive, vive um monte, acumula histórias e lugares e sonhos e coisas e dinheiro e amigos e miniaturas pra um dia ficar velho, surdo e sozinho. era isso q eu pensava.

na noite q eu postei essa musiquinha do Finn “i’m lost in the darkness” chorei bastante. meu peito moía de dor. então virei pra deus e falei “cara, me tira da escuridão. me ensina a ver a luz”. foi qdo eu entendi q eu estava fazendo as perguntas erradas. a pergunta errada era “deus, pq isso tá acontecendo comigo?” e a pergunta certa era “deus, me ajuda a ver a luz?”

essa foi a primeira lição, a primeira respostas das muitas perguntas.

a segunda e a terceira vieram numa catarse.

estava num barco na baía de Sydney. era um sábado. na sexta, tinha bebido e brigado com deus. tradicionalíssimo brigar com deus na minha vida. então era sábado, tinha passado o dia bebendo no barco e, já de noite, o peguete acendeu um bék. dei um pega ou dois. ele dormiu e eu saí pra fazer xixi. foi qdo eu vi a baía de Sydney de noite, toda iluminada, refletindo no mar. o ar estava ótimo e fresco. achei a vida linda e daora. e comecei a chorar e pedir desculpa pra deus, pq a vida é linda. eu podia ver e sentir o quanto a vida é linda e gigante. e, enquanto eu chorava, começaram a vir imagens na minha cabeça. a primeira delas era uma cachoeira. a vida é uma cachoeira. ela nunca para de correr. e basta q eu junte as mãos em concha pra matar a sede. a outra imagem era uma luta de espadas. não adianta brigar pelo q não é meu, nem pelo q é meu. não existe briga q se justifique. tudo vem como deve vir.

foram duas respostas depois de três anos de pergunta. passei 3 anos reclamando da falta de vida e o q faltou, na verdade, foi eu buscar a vida. a vida está rolando a todo momento, a gente é q se esconde. e, 2, se existe destino e livre arbítrio. existe destino E livre arbítrio. o livre arbítrio é sobre a sua liberdade de sentir/aceitar as coisas como elas lhe são dadas. somos nós q fazemos nosso caminho e somos nós q sabemos o q carregar na nossa mochila. isso é livre arbítrio. é vc escolher o q vc é nesse planeta.

isso está diretamente atrelado a outro assunto q tô querendo muito falar q é: rodada?

antes de sair essa babaquice na internet de “não mereço mulher rodada”, tinha feito um post no facebook q era meio q “o menino veio, me comeu e foi embora, estou apaixonada”. faço vários posts só pra causar ou pra chocar, pq acho esse planeta muito cheio de gente sem graça e sem espírito. desculpa, falei. esse post era um misto de piadinha (me apaixonei pq o menino foi embora, se ele tivesse ficado, em 15 minutos de conversa eu estaria irritada desejando q ele se tornasse uma pizza?) com causação (eu como quem eu quiser quantas vezes eu quiser pq me foi concedido o direito de ser dona do meu corpo? obrigada, de nada).

eu “emprestei” (dei, não. não dei pq a buceta ainda tá aqui comigo) bastante. não tanto quanto eu gostaria, verdade. por mim, teria emprestado pra tipo o triplo de gente. pq teve muito cara q não quis me comer. bem normal. eu tb não quis emprestar pra um monte de gente.

então um amigo de Monte Alto veio me falar q eu “choquei alguns amigos”. daí me lembrei do Fulano de Tal, filho do Fulanão de Talzão (é tudo assim no interior), q comia uma garota por semana com seu carro esporte cabriolet. o Fulano era um filho da puta. escroto, destratava pessoas, usava as meninas como um pedaço de plástico, era arrogante, mesquinho e mimado, falava merda adoidado e todo mundo gostava dele mesmo assim. daí se eu reproduzo PARTE do comportamento de Fulano (parte. não sou escrota, não destrato ninguém, não tenho um carro esporte pra pegar caras etc., mas acho q sim, os caras q eu como são meio q só umas carne na minha cama, eu trepo só pq é gostoso mesmo), eu sou piranha. eu, q só quis ser piranha a vida inteira e era a menina q tava sempre escrevendo poesia deprimida pq não era gostosa. não sou feminista. aliás, hoje em dia já não milito por nada além de um sushi bem fresco no restaurante japonês.

o lance é: ser rodada ou não NÃO influencia no ser humano q eu sou. assim como ser viado, ser anão, ser jornalista, ser rico, ser pobre, ser lindo, ser loiro, ser gordo, ser vegetariano ou ser qualquer outra coisa não dizem nada sobre o q as pessoas realmente são. a casca é a casca, o recheio é o recheio. vcs têm q aprender a ver o recheio das pessoas. vcs tem q aprender a ver pelo q elas lutam e pelo q elas choram. pq o qto elas dão o rabo (delas, por sinal) não é problema seu e não deve mudar sua visão sobre elas.

obrigada, de nada.

agora, voltando às compreensões, a quarta lição veio num dia q eu tava no busão olhando as árvores. tem muitas aqui em Sydney. e tem umas bem grandes, bem velhas. compreendi q ˜˜as árvores somos nozes˜. árvores crescem em dois sentidos: pro alto (o mais alto q elas puderem, pra sempre ficar mais perto do sol <3) e chão abaixo. qto mais alta a árvore, maiores as suas raízes. assim tem q ser o homem e sua consciência. qto mais vc expande o pensamento, mais firme vc tem q ter os pés no chão, senão perde o equilíbrio. tentando interpretar essa resposta (uma das minhas perguntas existenciais é correlatada), entendi tb q deus não é uma inteligência superior q comanda tudo. Ele é a reunião de todas as inteligências e depende da expansão da nossa mente pra expandir tb. no momento q a gente descobre algo, isso é acrescentado à inteligência de deus.

então para de gastar seu pensamento com merda. segue as árvores: pro alto e avante. e colabore pra evolução do universo.